“O HOMEM É A ÚNICA CRIATURA QUE DEVE SER EDUCADA." Immanuel Kant.

Ética, educação, trabalho e comportamento

FILOSOFANDO

FranK Campos

4/30/20244 min read

Reinventta Consultoria e Treinamentos
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Tem um conceito de Kant sobre Ética "MUITO RELEVANTE" para o momento e discussões atuais.

Relevante porque faz parte do cotidiano comum do trabalho e das empresas.

A LISTA!

Apareceu uma lista, "melhor", existe uma lista circulando pela redes sobre empresas tóxicas. Na lista há denúncias, apontamentos e situações das mais diversas. Não vou desqualificar o que essas pessoas passaram, nem fazer um pré-julgamento superficial, juízo de valor sobre as denúncias, pessoas e situações, "não vou passar pano em algumas práticas inaceitáveis", tampouco vou me ater a discussão em si.

Quero falar de uma coisa maior e talvez uma primeira raiz das causas sobre muitas situações que li nessa lista e que convenhamos... não são novidades e infelizmente ainda acontecem.

A FALTA DE ÉTICA!

Kant traz um conceito/preceito chamado Imperativo categórico.

É uma forma, ou melhor, é como se fosse uma forma de bolo sobre o agir.

Para entender isso, temos que entrar em duas coisas.

...É mais simples do que você imagina. Eu juro!

A primeira coisa que ele explica é uma coisa chamada MÁXIMA.

A máxima é aquilo que escolho como ação para a minha vida, no campo do individual. Coisas que me façam bem como sujeito único.

Por exemplo: Toda manhã farei uma caminhada, ou todo final de semana, farei caminhadas num parque. É bom para mim, minha saúde e não afeta, ou faz mal para ninguém.

Pois bem,

Aí entra a segunda coisa da conversa: O IMPERATIVO.

O imperativo pode ser hipotético ou categórico.

Hipotético:

"na hipótese de alguma coisa".

Se eu sentir sede, então eu bebo água;

Se eu sentir vontade de caminhar, então eu caminho;

Se desejo ter saúde, então farei uma atividade física todos os dias.

Aqui entra a chave... "desde que eu queira", a hipótese.

Categórico:

O princípio fundante da moral. Excelência moral.

A busca pela Areté, (outro dia falo sobre isso).

Isso que eu quero fazer, essa ação, pode ser aplicada e replicada para todos de forma benéfica?

Já não envolve apenas o meu querer individual, mas o preceito maior: "SERVIRIA PARA TODOS?"

Para saber se estou sendo ético ou não, eu preciso entender A MINHA MÁXIMA, aquilo que escolhi para a minha vida e que possa ser aplicada por todo mundo, numa lei UNIVERSAL.

O mesmo vale para pessoas e CNPJ´s.

Ética Universal, aquilo que vale para mim, aqui na minha casa, no meu trabalho, na minha rua, na minha cidade, na minha empresa, no meu estado, em outro País, em outro idioma, ou em outra cultura, ou seja... é o que serve e vale para todos.

Exemplo:

-Se todas as pessoas caminharem todas as manhãs, isso criará algum problema? Lógico que não. Fará bem que mais pessoas tenham saúde física.

-Se todas as vezes que alguém me xingar, vou dar um soco na cara, isso criará algum problema? Sim! já imaginou? E olha que já vi isso acontecer em ambiente profissional.

- Se todas as pessoas mentirem no mundo, isso criará algum problema? Esse mundo será possível? Lógico que não!

O mundo ficaria bem difícil, haja visto o fenômeno das fakenews, redes sociais e seus impactos na sociedade, na política, nas vidas das pessoas, no ambiente de trabalho, na sociedade e no "coletivo" de uma forma geral.

Portanto, se a minha MÁXIMA pode ser usada e aceita por todo mundo de forma sustentável, então estou sendo ético.

É uma ação que pode ser feita por todos.

Se todas as empresas e lideranças forem éticas, "terem ações que sirvam para todos", será que esses problemas e denúncias apontadas continuarão?

talvez sim, talvez continuem...mas num grau infinitamente menor.

Haja de tal forma que a sua MÁXIMA, "a tua escolha, ação", possa se tornar uma lei universal, uma ação feita por e para todos.

Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho como todos conhecem, postulou "lá na era medieval", um conceito que conecta perfeitamente aqui. O conceito do Mal.

Mas o que é o mal?

Para Agostinho o Mal não existe, não tem substância e o único mal possível é o mal moral, ou as más ações.

É a falta de ética e as más ações que geram "em grande parte" prejuízos concretos para todos e obviamente para os ambientes corporativos.

Profissionais, clientes, parceiros comerciais, de negócios e o mercado possuem atenção redobrada sobre tudo que envolve ações não éticas.

Há assuntos que precisam se tornar cada vez mais RELEVANTES e menos ESPETÁCULOS, portanto busque boas fontes, bons autores e vá no cerne das questões para não ficar apenas replicando os efeitos e fenômenos que aparecem no mundo do trabalho. Muitos não são novos, apenas tomaram uma dimensão maior, muitos são reflexo de uma sociedade ou momento permissivo e obscuro.

Se queremos mudanças e melhorias efetivas na cultura das organizações, precisamos nos aprofundar e buscar as raízes e não apenas as causas.

Culpar um ou outro perfil profissional não trará mudanças, apenas retórica e disputa de narrativas. "O velho sofismo". Isso não traz ganho algum, apenas desgasta pessoas, o ambiente e os negócios.

São as ações e mudanças concretas na cultura e nas pessoas que geram resultados positivos.

Boa leitura.

Referências:

Nota: Boa parte do conceito do Imperativo categórico eu capturei do Professor Dr. Filicio Mulinari e de diversas aulas sobre filosofia política e ética. A adaptação, correlação e conexão com o tema, "sobre o surgimento da lista", fui eu mesmo.

Imanuel Kant- 1724-1804- Filósofo alemão, fundador do idealismo clássico alemão. Ensinou filosofia em Koenigsberg. Autor da Crítica da Razão Pura e da Crítica da Razão Prática. Sua filosofia dá como tarefa ao espírito humano, não encontrar os princípios das coisas, mas as próprias coisas, tais como se nos apresentam em suas relações conosco. Kant exerceu influência considerável sobre o desenvolvimento ulterior da filosofia, sobretudo na Alemanha.